Introdução Existe
algo misterioso em relação ao sol e à pele. Por que quando você sai em
um dia ensolarado de verão e passa uma hora ao sol você se queima? Na
verdade, você ganha uma queimadura solar, isto é, a menos que
tenha gasto algum tempo para conseguir um belo bronzeado gradual. Com
um belo bronzeado, você pode sair ao sol e nada acontece. É claro, isso
não se aplica se você tiver a pele extremamente clara. As pessoas de
pele extremamente clara nunca conseguem se bronzear, de modo que elas
sempre têm queimaduras solares. A menos, é claro, que elas usem um
protetor solar. Isso faz sentido? Afinal, o que é um protetor
solar? E o que é um bronzeado? Qual é a diferença entre um bronzeado e
uma queimadura? Por que se você espalhar um pouco de loção no corpo
estará protegido mas, se esquecer, estará em apuros? Se você
parar e analisar a sua pele e a luz do sol com mais detalhe, verá que
tudo começa a fazer sentido. Você pode aprender muito a respeito de seu
corpo nesse processo, isso é o que faremos neste artigo. Primeiro,
vamos dar uma olhada em como funciona a pele.
Como funciona a peleA
pele é um dos órgãos mais incríveis do corpo humano. No entanto, é
difícil pensar nela como um órgão. Temos a tendência de pensar em
órgãos como coisas compactas. Seu coração, fígado, rins - esses são
obviamente órgãos, mas a pele também é um órgão, especialmente se você
olhar na definição do dicionário para "órgão", como esta definição do
Merriam Webster Collegiate Dictionary:
órgão:
a) estrutura diferenciada (como um coração, rim, folha ou caule) que
consiste de células e tecidos e que efetua alguma função específica em
um organismo b) partes corporais que desempenham uma função ou que
cooperam em uma atividade (os olhos e estruturas relacionadas que
constituem os órgãos visuais).
Por essa definição, a pele
é um órgão. Ela é constituída de células e tecidos muito específicos e
seu propósito coletivo é atuar como uma fronteira entre "você" e "o
mundo". Uma das coisas mais interessantes sobre a pele e que a
diferencia de uma série de outros órgãos é o fato de que ela tem de
lidar com o mundo real. Para tanto, é equipada com sensores e uma
estrutura disposta em camadas para enfrentar realidades do ambiente,
como a abrasão e a luz solar. Se você olhar a secção transversal da
pele (como a pele de seu braço ou perna), verá que ela é constituída de
duas camadas principais: a
epiderme no lado externo e a
dermeno lado interno. A epiderme é a barreira, enquanto a derme é a camada
que contém todo o "equipamento" - coisas como terminações nervosas,
glândulas sudoríparas, folículos pilosos e assim por diante. Aqui está
uma imagem para ajudá-lo a visualizar o que acontece:
Na
camada subcutânea (você já deve ter ouvido falar de gordura subcutânea
- é ali que ela mora) você pode ver os vasos sangüíneos (mostrados como
duas linhas finas, vermelha e azul). Esses vasos se ramificam
infinitamente (não mostrado) na derme para suprir com sangue as
glândulas sudoríparas, folículos pilosos, glândulas sebáceas e músculos
eretores. Eles também se espalham no leito capilar da derme. Ocorre que
a derme é repleta de capilares que satisfazem as necessidades
nutricionais das células da derme e também ajudam a pele a efetuar uma
importante função de resfriamento nos seres humanos. A epiderme não tem
contato direto com o suprimento de sangue, ao invés disso é suportada e
alimentada pela derme. A derme é o local onde ocorre a ação
em termos funcionais. Conforme mostrado no esquema, a derme contém
glândulas sudoríparas, folículos pilosos (cada um com um pequenino
músculo responsável por deixar seu "cabelo em pé"!), terminações
nervosas e assim por diante. Há vários tipos diferentes de terminações
nervosas:
- sensíveis ao calor;
- sensíveis ao frio;
- sensíveis à pressão;
- sensíveis à coceira
- sensíveis à dor.
Todos
esses diferentes tipos de terminações nervosas permitem que você sinta
o mundo. Elas também ajudam você a se proteger de queimaduras,
perfurações, etc. alertando-o quando algo está danificando sua pele. A
epiderme é sua interface para o mundo e é mesmo muito interessante. Ela
possui duas camadas principais, a interna está viva e a externa está
morta. As células de pele morta da camada externa são as que nós
realmente podemos ver, e elas constantemente se soltam e são
substituídas por novas células que são empurradas para fora. A
camada interna e viva é chamada de camada malpighiana. Esta camada cria
as células mortas que podemos ver. Ela está em contato direto com a
derme, que a alimenta e sustém. Esta camada é nosso foco de atenção
porque é lá que o sol afeta a pele durante o bronzeamento. A camada
malpighiana é disposta em camadas como esta:
- em contato direto com a derme está a camada basal. Se você já ouviu falar do carcinoma (câncer) de célula basal, é ali que ele se origina;
- acima da camada basal encontra-se a camada espinhosa;
- acima da camada espinhosa encontra-se a camada granulosa.
Acima da camada granulosa está o
estrato córneo.
O estrato córneo é a camada externa de células mortas - que vemos como
nossa pele. As células nesta camada são preenchidas com uma proteína
chamada
queratina. A queratina é uma proteína muito
interessante porque é dura - chifres, pêlos, cascos, unhas e penas,
todos obtêm sua resistência da queratina. Na verdade, a mesma matéria
de que são feitas as unhas forma sua pele visível (mas em uma camada
muito mais fina e flexível). É por isso que sua pele é tão resistente.
Nas partes do corpo que sofrem muito desgaste, como as palmas das mãos
e os pés, o estrato córneo é mais espesso para lidar com a abrasão. Vivendo entre as células basais, na camada malpighiana, está outro tipo de célula chamada
melanócito. Eles produzem
melanina,
que é o pigmento que origina o bronzeado. Os melanócitos são, na
verdade, o local de onde provém o bronzeado. Eis o que a Encyclopedia
Britannica tem a dizer sobre os melanócitos:
A cor
da pele se deve em parte ao pigmento avermelhado contido no sangue dos
vasos superficiais. Porém, ela é determinada principalmente pela
melanina, um pigmento produzido por células dendríticas chamadas
melanócitos, encontradas entre as células basais da epiderme. Seus
números em qualquer região do corpo são cerca de
mil até mais de dois mil por milímetro quadrado, e são praticamente
iguais entre as raças. As pessoas loiras possuem a mesma quantidade que
as morenas. As diferenças de cor se devem unicamente à quantidade de
melanina produzida e à natureza dos grânulos de pigmento. Quando a pele
se torna bronzeada pela exposição à luz solar, os melanócitos não
aumentam em número, somente em atividade". ("Sistemas Tegumentares,
Pigmentação", Britannica CD. Versão 97. Encyclopaedia Britannica, Inc.,
1997.)
Os melanócitos produzem não somente o bronzeado,
eles também são responsáveis pelo câncer chamado melanoma. O melanoma é
causado pelo dano nos melanócitos devido à radiação ultravioleta (UV).
A exposição freqüente aos raios UV pode causar mutações cancerosas.