Gabriel García Márquez-"Crónica de uma morte anunciada"
Desde o início, sabe-se que Nasar vai morrer. O problema é o como e o porquê.
Só o estilo poderia manter o interesse por uma trama que se desfia na primeira linha. García Márquez tinha clareza disso. E o estilo que escolheu - ou que o relato exigiu - foi o da prosa mais substantiva. Mesmo a cena final do romance, Santiago Nasar esfaqueado pelos gémeos Pedro e Pablo Vicário - preocupados em vingar sua desonrada irmã Ângela, o "cacho" das
vísceras nas mãos, dispensa adjectivos.
Ainda assim, é de uma desconcertante beleza. A estrutura montada sob a inexorável marcha do destino, da qual Santiago é vítima, dá ao romance uma autêntica dimensão de tragédia.